O setor automotivo brasileiro enfrentou um cenário de retração generalizada em novembro. Segundo balanço divulgado nesta segunda-feira pela Associação Nacional dos Fabricantes de Veículos Automotores (Anfavea), houve queda simultânea na produção, nas vendas internas e nas exportações em comparação a outubro e ao mesmo período do ano passado.
A produção nacional foi diretamente impactada pela desaceleração. Foram fabricadas 219 mil unidades em novembro, um volume 11,6% inferior ao registrado em outubro. Mesmo considerando que o mês passado houve quatro dias úteis a mais, o comparativo com novembro de 2024, que obteve o mesmo número de dias, também aponta uma redução de 8,2%.
No acumulado de 2025, o mercado registra 2,410 milhões de unidades emplacadas, uma alta de apenas 1,4%. Os dados revelam que esse crescimento pontual é sustentado majoritariamente pelos veículos importados. Enquanto os modelos vindos de fora ganharam espaço, os emplacamentos de nacionais ficaram estáveis (+0,1%) entre janeiro e novembro. Esse fluxo intenso de entrada de veículos estrangeiros gerou um efeito colateral: os estoques de importados saltaram de 130 para 153 dias, mesmo com uma retração de 10% nas vendas desse segmento específico no último mês.
O segmento de caminhões continua sendo o ponto mais crítico da indústria em 2025, acumulando uma queda de 8,7% no ano. A situação é agravada pelos juros elevados, que dificultam o financiamento de bens de capital. Apenas 35,7 mil veículos foram exportados, marcando o segundo pior mês do ano. A principal causa foi a retração nas vendas para a Argentina, maior parceiro comercial do Brasil no setor. Apesar da desaceleração mensal, o acumulado do ano para o país vizinho ainda é positivo (+37,9%), graças ao bom desempenho do primeiro semestre.
Para a Anfavea, os números acendem um alerta quanto às projeções para o fechamento do ano e o início de 2026. Calvet, presidente da Anfavea, ressaltou a preocupação com a manutenção dos níveis de emprego e a necessidade de atenção econômica ao setor de pesados. No entanto, o executivo mantém um otimismo cauteloso para o último mês do ano, dizendo que espera maiores movimentações às vendas de automóveis e comerciais leves, após o sucesso estrondoso do Salão do Automóvel.
Adaptada GlobalKem | 10 de dezembro 2025