Mercado

Falta de matéria-prima ameaça retomada da indústria química

A alta nos preços e a escassez de matéria-prima, componentes ou peças, aliadas ao aumento nos custos de energia, água e transporte, podem prejudicar a recuperação das indústrias da região de Campinas, que registraram crescimento na produção e faturamento entre setembro e novembro. Em coletiva de imprensa virtual, para divulgação dos dados do último levantamento de 2020 do Centro das Indústrias do Estado de São Paulo (Ciesp) de Campinas, o vice-diretor da entidade, José Henrique Toledo Corrêa, disse que algumas empresas foram obrigadas a escalonar a produção e há casos em que a disponibilidade de entrega é somente a partir de abril de 2021.


De acordo com Corrêa, alguns empresários do setor optaram por importar determinados insumos para driblar essa dificuldade. Contudo, esse processo leva certo tempo. Outros têm negociado matérias-primas entre si, às vezes, com participação de associações de classe. Porém, destacou que existe o risco de que alguns segmentos deixem de entregar seus produtos, ainda mais porque há demanda de pedidos. “Vendi 100 automóveis. Mas, só tenho matéria-prima para produzir 80: alguém vai ficar sem receber 20”, exemplificou.


Num contexto histórico, analisa que o problema é uma herança negativa do governo de Dilma Rousseff, que administrou o Brasil entre janeiro de 2011 e agosto de 2016. No período, enfatiza, a economia viveu dias terríveis, com queda brutal da atividade produtiva. Explica que a falta de perspectivas levou grandes produtores de matéria-prima, como indústrias de aço e celulose, a não investirem em modernização ou expansão. Deste modo, não se capacitaram para conseguir atender uma possível demanda reprimida, como a que ocorre atualmente devido à pandemia da Covid-19 e fortalecimento de políticas liberais.


Corrêa informou que faltam, entre outros, alumínio, aço, ferro, embalagens de papelão e resina. Completou que a expectativa é que os problemas com a entrega de matérias-primas se resolvam no início do próximo ano. Segundo o último levantamento do Ciesp-Campinas, que considerou os meses de outubro e novembro, 76,19% das 494 empresas associadas, ou seja, 376, já assinalaram aumento nos preços de matéria-prima, componentes ou peças. A alta nos valores está diretamente ligada à falta dos insumos. Os dados apontam ainda que 61,9% (305) dos empresários indicaram crescimento no custo de energia, água e transporte. Os dois primeiros foram classificados por Corrêa como os mais importantes insumos para muitas indústrias.

Fonte
Correio RAC
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