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Apesar de medidas protecionistas, queda produtiva e ociosidade da indústria química brasileira marcam o 1º trimestre de 2025

A indústria química brasileira registrou, no primeiro trimestre de 2025, seu pior desempenho em mais de três décadas, segundo o Relatório de Acompanhamento Conjuntural da Abiquim. A taxa média de utilização da capacidade instalada caiu para 62%, menor nível da série histórica iniciada em 1990, refletindo a forte ociosidade produtiva, com setores como intermediários para fertilizantes e plásticos operando abaixo de 50%.

Em comparação com o mesmo período de 2024, a produção recuou 3,8%, as vendas internas caíram 2,6% e o consumo aparente nacional (CAN) retraiu 5,3%, refletindo a contínua perda de competitividade frente a importações mais baratas dos EUA e da Ásia. O alto custo de energia, gás natural e tributos agrava o cenário, que também sofre influência da volatilidade cambial e dos preços internacionais de petróleo e derivados.

Apesar do quadro crítico, medidas recentes do governo federal começam a surtir efeito. A inclusão de 30 produtos na Lista de Desequilíbrios Comerciais Conjunturais (DCC), em outubro de 2024, contribuiu para a queda na penetração de importações, de 53% para 43% no primeiro trimestre de 2025. Ainda assim, no acumulado de 12 meses até março, o índice permanece elevado, em 49%.

O déficit da balança comercial de produtos químicos seguiu em tendência de alta, alcançando US$ 49,82 bilhões no período, superando o recorde anterior. A principal causa foi o crescimento expressivo das importações em diversos segmentos, como resinas termoplásticas (+23,7%) e produtos químicos orgânicos (+27,4%).

Como resposta estrutural, a Abiquim tem apostado no Presiq, programa de incentivos fiscais voltado à sustentabilidade e à inovação, atualmente em tramitação no Congresso. Segundo André Passos Cordeiro, presidente-executivo da entidade, o Presiq pode elevar o uso da capacidade instalada para até 95%, gerar até 1,7 milhão de empregos e adicionar R$ 112 bilhões ao PIB, com aumento estimado de R$ 65,5 bilhões na arrecadação tributária.

Sendo assim, apesar das incertezas políticas e econômicas, o setor vislumbra no Presiq uma via para reindustrialização verde e competitiva, diante de um cenário global que pressiona por transição energética e resiliência produtiva.

Adaptado GlobalKem | 27 de junho de 2025

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Abiquim
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