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Sanções ao petróleo russo e gargalos logísticos podem pressionar o mercado global de insumos industriais

A restrição conjunta de Rússia e Cazaquistão consolidou-se como um dos principais direcionadores de alta no mercado global de Enxofre. No Cazaquistão, embora a produção do campo de Karachaganak tenha sido retomada após o ataque à planta petroquímica de Orenburg, na Rússia, os embarques seguem limitados pela dependência logística do canal Volga-Don, que será fechado para o inverno a partir de novembro. Essa interrupção sazonal, somada à priorização do abastecimento interno e às dificuldades de transporte via Mar Negro, reduziu a capacidade do país de atender grandes compradores, como Brasil e Índia.

Já a Rússia, que historicamente figurava entre os maiores exportadores globais, passou a importar cerca de 35 mil toneladas do insumo para suprir refinarias locais, após a combinação de sanções econômicas impostas pelos Estados Unidos e ataques ucranianos à infraestrutura de refino. As medidas afetam diretamente as petrolíferas Rosneft e Lukoil, responsáveis por metade da produção de petróleo russa, restringindo o volume disponível para o mercado externo e pressionando as cotações internacionais.

A Índia, responsável por cerca de 40% das exportações russas de petróleo, deve reduzir suas compras, conforme indicaram fontes do setor, o que restringe ainda mais o escoamento do petróleo russo, matéria-prima essencial para a produção de Enxofre.

No Oriente Médio, os gargalos logísticos persistem. Mesmo após o cessar-fogo entre Israel e Hamas, as rotas pelo Mar Vermelho e Canal de Suez permanecem parcialmente bloqueadas devido aos ataques do grupo Houthi, obrigando o desvio das cargas pelo Cabo da Boa Esperança. O prolongamento das rotas elevou a precificação do frete marítimo em até cinco vezes em relação às médias históricas, encarecendo o transporte de commodities e reduzindo a competitividade das origens árabes, tradicionalmente as maiores fornecedoras do insumo ao Brasil e à Ásia.

No Brasil, as importações de Enxofre recuaram 81% em setembro devido à escassez de oferta da Rússia e do Cazaquistão, e às dificuldades logísticas no Oriente Médio durante o mês. Mesmo assim, o acumulado entre janeiro e agosto registrou aumento de 8%, com destaque para Canadá e Emirados Árabes Unidos. O preço nacional (CFR Brasil) já acumula alta de 90% no ano e 43% frente a outubro de 2024, refletindo os custos adicionais de frete e o realinhamento global de preços do petróleo. Ainda que parte do movimento tenha caráter especulativo, os fundamentos geopolíticos e logísticos sustentam um cenário de preços firmes e maior pressão sobre os custos industriais

Autoral GlobalKem | 23 de outubro de 2025

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GlobalKem
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