Depois de impactar siderúrgicas, falta de aço pode afetar automobilísticas
Não só a indústria do petróleo foi prejudicada com a escassez do aço, após alta em novembro, fábricas de automóveis podem parar por falta de isumo
Após escassez do aço impactar a indútria do petróleo, a produção de veículos está prestes a ser interrompida no Brasil por falta de insumos, em especial o aço. Segundo Luiz Carlos Moraes, presidente da Anfavea (associação das montadoras), o risco é imediato.
“A situação está ficando mais preocupante, o risco de paralisação para dezembro é muito alto devido à falta de insumos, principalmente de aço”, disse o executivo durante a apresentação dos dados do setor em novembro. Há ainda escassez de pneus e de termoplásticos.
Segundo o presidente da Anfavea, paradas pontuais já têm ocorrido. A consequência aparece no estoque disponível, o mais baixo desde março de 2004.
O aumento de custos na indústria automotiva, em razão de reajustes de insumos, especialmente o aço. “O aumento de aço vai na veia. É quase impossível não repassar esse custo. As siderúrgicas lançaram um bumerangue que pode voltar para elas na forma de queda de volumes”, comentou o presidente da entidade, referindo-se ao impacto dos preços mais altos sobre a demanda por automóveis.
Atualmente há menos de 120 mil veículos estocados nas fábricas e na rede, volume suficiente par sustentar apenas 16 dias de vendas. No acumulado do ano, a produção de 1.804.759 unidades é 35% inferior à do ano passado.
Esse número é 4,7% superior ao de novembro de 2019, mas naquela época havia estoque de 330 mil veículos. Hoje, os pátios estão vazios, contabilizando o menor estoque desde março de 2004.
Rafael Cagnin, economista-chefe do Instituto de Estudos para o Desenvolvimento Industrial (Iedi), concorda que a pandemia da covid-19 desorganizou as linhas de produção da indústria, pelo forte quadro de incertezas, que fez com que as expectativas quanto ao retorno da atividade econômica fossem muito negativas.
“Isso foi agravado por estoques muito baixos de aço, já que as empresas tinham necessidade de compor seus caixas”, diz. Ele explica, ainda, que as medidas emergenciais do governo para financiar as empresas tiveram problemas de implementação e todo mundo encolheu estoques, reduzindo a resiliência das cadeias produtivas.