Apesar da desaceleração, o setor da Construção Civil deverá continuar movimentando demanda para os insumos industriais
O setor da construção civil é um segmento de grande relevância para o país, por sua alta capacidade de movimentação da economia e geração de empregos, contribuindo diretamente para a melhoria da qualidade de vida da população. E por isso, está sujeito aos desafios econômicos e sociais inerentes à conjuntura nacional.
Um importante indicador deste setor é o Índice Nacional da Construção Civil-M (INCC-M) da Fundação Getúlio Vargas – FGV, que é calculado com base nos preços dos materiais de construção, da mão de obra e dos serviços relacionados ao setor. Em abril foi registrada uma inflação de 0,23%. A taxa é maior que a de março (0,18%), mas menor que a de abril de 2022 (0,87%). Com o resultado, o INCC-M acumula inflação de 0,93% no ano e de 7,48% nos últimos 12 meses.
E o Índice de Confiança da Construção (ICST), também da FGV, reflete a percepção dos empresários em relação à economia e ao mercado, influenciando decisões de investimentos e estratégias empresariais. Além disso, ele pode ser utilizado para prever tendências futuras do mercado da construção civil. Em abril, apresentou queda de 0,3 ponto e se manteve em 94,4 pontos, patamar de moderado pessimismo. Este número sinaliza desaceleração, dado o cenário menos favorável de contratação de crédito imobiliário diante das altas taxas de juros. Apesar disso, a expectativa para o ano de 2023 é de crescimento, mesmo que em ritmo mais lento.
O setor da construção civil é um importante consumidor de diversos insumos industriais, portanto, o acompanhamento do seu desempenho é crucial para entender o mercado destes produtos.
Um exemplo é a Cal, que tem a construção civil como principal setor consumidor, representando cerca 37% de todo o consumo do produto no país. É utilizada em aplicações como: argamassa, pintura, tratamento de solo, fabricação de tijolos e blocos e tratamento de superfícies. Outro é o PVC, uma resina utilizada na fabricação de tubos e conexões, que possui o Cloro como matéria prima, cuja demanda impacta também a oferta de Soda Cáustica no mercado. Produto este que, junto ao Ácido Sulfúrico, é utilizado durante o processo de produção do ferro e aço.
Nos anos de 2021 e 2022 o setor da construção civil cresceu 17,7%, de acordo com a Câmara Brasileira da Construção – CBIC. No mesmo período, o preço médio da Cal aumentou 128%. Apesar da influência de outros fatores relacionados aos custos de produção, transporte, inflação e impostos, as variações expressivas na demanda, como a da construção civil, também têm impacto significativo na oferta e preço do produto.