A crise do plástico: falta de matéria-prima leva empresas baianas a criarem programa criativo
A falta de matéria-prima para empresas de produção de plástico, que teve seu início em 2020 por causa da pandemia, segue como um problema em 2021. A situação é tão ruim que empresários do setor chegaram a parar 10 dias por não ter como fabricar produtos por falta de resina, que é base para a produção. Por isso, o Sindicato da Indústria de Material Plástico do Estado da Bahia (Sindiplasba) tem se virado para encontrar soluções. A mais nova delas é a criação de um banco colaborativo entre as empresas para troca de materiais que sejam excedentes em umas e estejam faltando em outras.
Criado há duas semanas, o Programa Banco de Resinas tenta amenizar os impactos da ausência de matéria-prima e conta com 33 empresas associadas ao Sindiplasba, que representam 95% do Produto Interno Bruto (PIB) do plástico no estado. A Bahia tem ao todo 220 indústrias de plástico em operação.
Elas têm sofrido com a falta de fornecimento dos insumos e reduzido o nível de produção, o que causa desabastecimento e problemas para setores da economia como mercados e restaurantes, que dependem das sacolas plásticas para embalar produtos ou para fazer entregas por delivery.
Para se ter uma ideia do tamanho do problema, há diferentes tipos de resinas plásticas, mas as mais presentes são o polietileno (PE), PVC, polipropileno (PP) e o PET. Destes, nenhum está em todas as empresas de maneira excedente, no estoque.
Procura por soluções
A rede é mais uma ação que se soma às iniciativas para resolver uma questão problemática que tem prejudicado bruscamente o mercado. Isso é o que acredita Alexandre Marino, gerente geral da Ciaplast e idealizador do banco de resinas. “Ainda não temos resultados, mas a ideia é boa. É uma alternativa interessante porque possibilita que, mesmo sendo concorrentes, as empresas podem se ajudar e entender que dentro do mercado ninguém precisa prejudicar ninguém. O momento é difícil, cada um tem que ajudar o outro como pode porque, nessa situação, todo mundo está precisando”, diz.
A previsão dos empresários do setor é que a falta de matéria-prima continue até o fim do semestre, o que dificultaria o atendimento da demanda que, com a pandemia e ascensão do delivery, ampliou sua necessidade por embalagens plásticas. E a importação do que falta, segundo a Sindiplasba, não é uma alternativa viável por causa das altas taxas de importação (14%) e antidumping (10%) – esta última tem o objetivo de neutralizar as importações para o mercado nacional.
A Associação Brasileira da Indústria de Plástico (Abiplast), que representa o setor, tem sugerido ao Ministério da Economia a revisão das taxas de importação e antidumping. O pleito se deve ao fato de que, no Brasil, é cobrado 14% de taxa de importação de resinas e, nos países membros da Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Econômico (OCDE), a média é de 6,5%.
Otimismo do Sindiplasba
Se, por um lado, os empresários ainda aguardam para ver os resultados dos programas, o Sindiplasba, através da figura do presidente Luiz Oliveira, vê a iniciativa como um tiro certeiro na luta contra os impactos causados pela falta de resina. “As empresas sempre têm estoques de matéria-prima e, por outro lado, sempre estão com algum item em falta. A nossa intenção é aproveitar essa característica do setor para fomentar o diálogo entre elas e resolver o problema de todas. Com o Programa Banco de Resinas, nós podemos resolver o problema da falta de matéria-prima e garantir a produção, evitando paralisações”, contextualiza.