Protecionismo e escala produtiva redefinem o avanço dos veículos elétricos em 2026
A transição automotiva para veículos elétricos entra em 2026 com uma reação coordenada de proteção industrial em diferentes regiões, direcionada principalmente à expansão dos modelos produzidos na China. Em 2024, Estados Unidos, União Europeia e Canadá elevaram barreiras comerciais sobre veículos chineses, aumentando custos de importação e acelerando estratégias de localização produtiva e redesenho das cadeias de suprimentos.
Esse movimento ocorre em um cenário de assimetria estrutural já consolidada entre China, Estados Unidos e Europa. Em 2024, os elétricos responderam por cerca de 50% das vendas de automóveis novos na China, enquanto nos Estados Unidos a participação permaneceu abaixo de 10%. A escala chinesa sustenta portfólios mais amplos, maior autonomia média e custos unitários menores, apoiados por investimentos contínuos em manufatura, integração da cadeia de baterias e padronização tecnológica ao longo da última década.
Nos Estados Unidos, a política aplicada entre 2024 e 2025 combinou tarifas e restrições a fornecedores estrangeiros, com incidência sobre veículos, autopeças e insumos como aço e alumínio. Essa estrutura ampliou o custo de produção em toda a cadeia, reduzindo a competitividade dos veículos elétricos. Em 2025, o efeito já apareceu na elevação dos preços ao consumidor, na retração das vendas de importados e na revisão para baixo da participação projetada dos elétricos no mercado até 2030. Mantidas as regras, 2026 tende a preservar a concentração do mercado em modelos a combustão e híbridos, com oferta mais limitada de elétricos em faixas de preço mais baixas. No comércio internacional, a reorganização avança com cadeias mais segmentadas. Tarifas nos Estados Unidos e ajustes regulatórios no México e em outros polos industriais alteraram fluxos de veículos, componentes e metais, pressionando países integrados ao mercado norte-americano. As montadoras vêm acelerando a localização produtiva, ajustando portfólios e direcionando investimentos para regiões com maior previsibilidade regulatória, como Europa e Ásia. Nesse contexto, a expansão dos veículos elétricos em 2026 tende a se concentrar onde há escala industrial, regras estáveis e acesso a tecnologias de baterias competitivas.
Autoral GlobalKem | 17 de dezembro 2025