EUA ampliam ofensiva marítima contra a China em meio à queda sustentada das tarifas de frete

O governo do presidente Donald Trump lançou uma das estratégias marítimas mais ambiciosas desde a década de 1970 para reduzir a dependência americana de terminais e frotas controladas por empresas chinesas. Entre as medidas em análise está o apoio a aquisições de participações portuárias por empresas ocidentais, com o objetivo de deslocar ativos estratégicos para operadores sob controle aliado — um movimento motivado pela preocupação de que investimentos chineses em portos globais possam, em tempo de crise, comprometer cadeias logísticas e oferecer vantagens de inteligência ou militares.
Pequim rejeitou as críticas, acusando Washington de “coerção económica” e de tentar limitar o desenvolvimento internacional da China. As participações de grupos chineses em portos, incluindo operações relevantes na Europa, no Caribe, na Austrália e na costa oeste dos EUA, tornaram-se o ponto focal das tensões geopolíticas. As autoridades americanas também estão a estudar medidas como a aplicação de taxas às embarcações de bandeira chinesa que atracarem em portos dos EUA e o aumento da capacidade dos estaleiros e do registo naval domésticos, no âmbito de um esforço para reforçar a capacidade logística nacional.
No campo comercial, o mercado de transporte de contêineres mostra sinais claros de enfraquecimento: as tarifas spot registraram queda na semana mais recente, marcando a 14ª semana consecutiva de recuo e situando-se em níveis bem abaixo dos picos recentes. Rotas tradicionais Leste-Oeste apresentaram quedas expressivas — com trechos da Ásia para a Europa e para a costa leste dos EUA recuando entre 4% e 11% — reflexo do aumento de capacidade e da demanda mais fraca.
A aproximação da Semana Dourada da China — feriado nacional que vai de 1º a 7 de outubro de 2025 e provoca forte movimentação e, muitas vezes, cancelamentos de escalas — tende a aumentar as viagens em branco (navios que cancelam paradas), o que deve pressionar ainda mais as cotações nas próximas semanas.
As importações brasileiras podem enfrentar um aumento dos custos e atrasos logísticos, devido à intensificação da disputa geopolítica entre os EUA e a China, que pode resultar em alterações das rotas de transporte, na imposição de taxas sobre embarcações chinesas e na readequação dos terminais portuários. Ao mesmo tempo, a descida sustentada das tarifas de frete cria oportunidades temporárias de redução de custos, mas também gera instabilidade nos preços e na disponibilidade de fretes, exigindo um planeamento estratégico mais rigoroso por parte das empresas que dependem do comércio marítimo internacional.
Autoral GlobalKem | 24 de setembro de 2025