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Indústria têxtil mineira está cautelosa com juros e inflação

A indústria têxtil de Minas Gerais conseguiu superar os desafios e encerrar 2021 com crescimento. No Estado, a indústria cresceu 11,4% e, junto com confecções, gerou em torno de 8,3 mil empregos diretos. Para 2022, as estimativas são cautelosas. A alta dos juros e a inflação elevada são fatores que já impactam o setor, já que a demanda começou a cair em dezembro de 2021. Diante do cenário de incertezas, a tendência é de um crescimento bem menor, em torno de 1% sobre 2021.

“O ano de 2021, foi muito bom e importante para a indústria têxtil, houve uma  recuperação saudável. No Brasil, a indústria têxtil encerrou com um crescimento de 8,5%, enquanto o crescimento industrial foi de 3,9%. Em Minas, o resultado foi bastante significativo e contribuiu para o crescimento da indústria. A indústria têxtil mineira encerrou o ano com alta de 11,4%. Na geração de emprego, em confecção e têxteis, Minas somou 8,3 mil empregos diretos”, disse o presidente do Sindicato das Indústrias de Fiação e Tecelagem no Estado de Minas Gerais (SIFT-MG), Rogério Mascarenhas Cezarini.

Ainda segundo Cezarini, o cenário de 2021 se beneficiou de todas as medidas emergenciais que o governo tomou em função da crise gerada pela pandemia de Covid-19 e que começaram a partir de 2020. Na visão de Cezarini, as medidas foram mais fortes que o ideal, o que resultou no aumento da inflação. 

“As medidas adotadas permitiram a volta da inflação e o governo percebeu que ela não é temporal, está mais disseminada e, em função disso, o Banco Central tem aumentado os juros, com objetivo de enfraquecer a economia e segurar a inflação. Mas, essa medida já traz resultados bastante negativos para a indústria de maneira geral”.

Como exemplo, Cezarini citou o desempenho da indústria têxtil em dezembro de 2021, frente a igual mês de 2020. No período, a queda do setor no Brasil foi de 27%. A redução é reflexo do desaquecimento devido ao crescimento da inflação.

“A inflação reduziu a capacidade de consumo da sociedade. Além disso, o aumento da taxa de juros dificulta e onera a venda a prazo, servindo de contraponto ao consumo. Também, na parte de empregos, em dezembro, a nível Brasil, tivemos uma perda de 18 mil postos e em Minas de 1,7 mil (vagas)”.

Segundo Cezarini, a expectativa é que o governo federal adote medidas para contornar a crise e permitir que a indústria volte a registrar resultados positivos e gerar mais empregos e renda. 

“O governo já deve estar ouvindo essas reclamações da economia e, provavelmente, neste ano eleitoral deve tomar algumas medidas para reverter este quadro, permitindo a recuperação da economia e permitindo que a indústria têxtil volte a crescer”. 

Custos em alta 

O ano atual é considerado desafiador. Além das instabilidades econômicas, o setor enfrenta alta nos custos, que deverá ser repassada em um período de consumo desaquecido. 

“Realmente, o ano de 2022 será muito desafiante para a indústria têxtil, pois, além do desaquecimento da demanda, há necessidade de aumento de preços devido à pressão de custos. O algodão, em função do crescimento de consumo no mercado internacional e problemas logísticos aumentou 30% nos últimos seis meses”.

A elevação no preço do algodão tem estimulado os produtores rurais a aumentarem a área plantada, por isso, segundo o representante do SIFT-MG, é esperado para a safra 2021/2022, que entra a partir de junho de 2022, uma oferta 20% maior de algodão do que o ano anterior.

“Entre movimentos positivos e negativos que afetam a indústria, esperamos um crescimento modesto de 1% para 2022. O grande problema que prejudica o crescimento da indústria brasileira é o custo Brasil, principalmente, tributário. A indústria paga 40% de tributos, assim, necessitamos de um sobrepreço de 67,7% sobre o preço normal (40% de 60%). A taxação total do importado, incluindo imposto de importação, é de 55%. Desta maneira, não conseguimos exportar e ainda temos dificuldades no mercado interno. A indústria não cresce, o Brasil não gera desenvolvimento, emprego e renda”.

Fonte
Diário do Comércio
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