Demanda

Mercado de embalagens de papel continua aquecido em Rio Preto

Linha de produção da Olimplastic: alta no custo da matéria-prima – Guilherme Baffi 20/4/2021

O aumento do custo da matéria-prima é problema comum entre as indústrias de embalagens, não apenas de Rio Preto, mas de todo o País. Entretanto, o comportamento das fábricas que produzem artigos em papel e em plástico são bem diferentes. Enquanto o mercado de embalagens de papel continua aquecido, o que atua com plástico começa a enfrentar redução nas vendas. Quando se fala em papelão, o aumento registrado ao longo da pandemia chega a 25%, enquanto isso, as resinas utilizadas para fazer os diferentes tipos de plásticos chegaram a ter seus preços triplicados.

Para este ano, em todo o País, a perspectiva é que a produção de embalagens nacional cresça entre 4,4% e 5,9% sobre 2020, segundo projeções do Instituto Brasileiro de Economia da Fundação Getulio Vargas (Ibre/FGV) para Associação Brasileira de Embalagens (Abre). Os números têm relação com o aumento do comércio online e das mudanças de consumo impostas pela crise sanitária.

Na fábrica de papéis Ecopel, a produção de embalagens de papel foi impulsionada pela aderência de empresas de alimentos ao sistema de delivery. De todos os produtos fabricados pela empresa, como papel para padaria, papel para publicidade e sacos de carvão o que se destacou foram os sacos para viagem produzidos com papel Kraft, produzido a partir da celulose fibra longa.

Segundo o empresário Antônio Roberto, após uma queda na demanda por embalagens, a fábrica registrou um pico de produção em setembro. A procura foi tanta que a indústria precisou abrir mão de atender novos pedidos para conseguir priorizar os clientes antigos.

Mensalmente, a fábrica utiliza 150 toneladas de papel para a confecção das embalagens. Segundo Roberto, no final do ano, a demanda foi tão grande que a fábrica precisou solicitar mais 40 toneladas de papel. “A empresa que fornece a matéria-prima limitou o número de pedidos já que estava faltando insumos. Como somos clientes antigos, fomos atendidos”, diz.

Mas não foi apenas a produção que teve aumento, o preço do insumo também subiu durante a pandemia provocado pela escassez da celulose e pelo encarecimento na logística. Desde o início do ano, a matéria-prima sofreu três reajustes que somam aproximadamente 25%. “Antigamente, tínhamos um reajuste por ano, o que já era previsto. Agora, não dá para saber quando vai acontecer”.

Na indústria de embalagens de papelão Americampel, a produção atual está na casa de 60% a 70% de sua capacidade, o que é um percentual considerado positivo pelo proprietário, o empresário Celso Calejure. Na indústria, que emprega seis funcionários, são fabricadas caixas de papelão de diversos tamanhos. As chapas de papelão reciclado são fornecidas por outra indústria do ramo.

Ele conta que a pandemia tem sido positiva para o setor, embora os preços da matéria-prima tenham subido muito. Ao mesmo tempo, houve uma valorização do produto, o que gerou maior lucratividade. Ele comprava o quilo do papelão por R$ 3,50 e hoje paga em média, R$ 8. “Antes o custo era baixo e ganhávamos pouco, hoje o custo é maior mas o valor agregado também. O lado ruim é um encarecimento no produto de modo geral em função do aumento do preço da embalagem”, disse.

Durante um período, chegou a faltar produto no mercado em função do excesso de procura, mas hoje a situação está normalizada, tanto em termos de produção quanto de venda.

Plástico

Na indústria de embalagens plásticas Olimplastic, fundada em Rio Preto em 1965, depois de viver um bom momento de aquecimento nas vendas, a empresa registra um recuo da ordem de 15% a 20%. Essa retração vem ocorrendo nos últimos dois a três meses é um reflexo do fechamento de boa parte das empresas nos últimos tempos, como medida de contenção do coronavírus.

A indústria produz embalagens plásticas voltadas ao setor de alimentos, principalmente de produtos da cesta básica, como arroz, feijão, farináceos, entre outros. Segundo o gerente industrial Romildo Marretto, justamente o fato de atuar na área de alimentos essenciais, a atividade ainda é considerada privilegiada, já que as vendas têm se mantido. “A produção está praticamente normal, o que me preocupa é o futuro, já que o poder de compra está baixo.”

Segundo ele, o problema é o custo da matéria-prima. Os preços dos plásticos triplicaram no último ano e nem toda essa alta pode ser repassada ao cliente, parte do prejuízo é absorvida pela indústria. O fato positivo é que não houve demissões entre os 80 funcionários.

Fundada em 2018 e com 34 colaboradores atualmente, a Kelpas, indústria de bobinas, sacos e sacolas plásticas de polietileno lisas e impressas, hoje enfrenta um mercado desaquecido. Segundo o gerente geral Juliano do Vale, houve retração em diversos setores que foram fechados. “Embalagens para confecções, fábricas de gelo, mercado de produtos que tiveram a produção interrompida na pandemia são exemplos de mercados que pararam totalmente ou em até 80%”, disse.

Vale afirma ainda que outro problema para o mercado de plásticos é o monopólio de fornecimento, cujo fabricante enfrenta dificuldades para abastecer o mercado nacional e já elevou os preços em 100% ao longo da pandemia. “Nossa capacidade produtiva está em 50% porque investimos antes e durante a pandemia para aumentar nossa produção. Investimentos na casa dos milhões que não tiveram retorno ainda por causa da retração no consumo dos produtos que fabricamos”, disse.

Segundo Vale, a avaliação, de modo geral, é negativa: pela falta de resinas plásticas no mercado global, alta do dólar e pelo monopólio da Braskem. “Para os próximos meses, a expectativa é que tenhamos a partir do segundo semestre uma retomada em V, um aumento expressivo na demanda e nos pedidos assim que forem sendo reativados os comércios e indústrias paradas”, disse.

Fonte
Diário da Região
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