Rodrigo Chaves, Sócio-Diretor da Boraquímica, comenta sobre distribuição de produtos químicos, cenário de tarifas comerciais e novos investimentos da companhia

Confira a entrevista exclusiva do GlobalKem com Rodrigo Chaves, Sócio-Diretor da Boraquímica
GlobalKem – A Boraquímica é uma importante distribuidora de produtos químicos para diversos segmentos, como o sucroalcooleiro e tratamento de águas. Como foi o surgimento da companhia no Brasil? Houve alguma motivação ou demanda específica que impulsionou a criação da empresa?
Rodrigo Chaves – A Boraquimica nasceu como uma empresa familiar. Meu pai Antonio Chaves era uma figura respeitada no mercado, então desde cedo tínhamos essa referência. Em 2002, meu irmão Fabio e eu — que já atuávamos no setor químico, cada um em áreas distintas — decidimos reunir nossos conhecimentos e experiências para criar uma distribuidora com atuação técnica, ágil e confiável. Desde o início, cada um assumiu a liderança de seu segmento, o que nos permitiu construir uma estrutura sólida e personalizada. Posteriormente, nosso irmão mais novo, Rodolfo, também entrou na Companhia. Essa origem familiar permanece como um dos pilares da nossa cultura: proximidade, confiança e compromisso com parcerias duradouras.
GlobalKem – Dentre os 15 segmentos atendidos, qual representa o maior volume de vendas ou receita para a Boraquímica hoje? Esse cenário tem se mantido estável ou vem mudando ao longo dos anos?
Rodrigo Chaves – Os segmentos alimentício, sucroalcooleiro, curtumes e papel e celulose estão entre os que mais contribuem para o nosso faturamento. Ao longo dos anos, esse cenário tem evoluído, e temos buscado ampliar nossa atuação para acompanhar as transformações do setor químico. Essa diversificação é estratégica e reforça nossa capacidade de atender diferentes demandas com excelência.
GlobalKem – Vocês enxergam diferenças significativas nos volumes, tipos de negociação ou representatividade dos químicos entre os setores de tratamento de águas e efluentes, papel e celulose e açúcar e etanol? Como a empresa adapta sua abordagem a cada um desses mercados?
Rodrigo Chaves – Sim, há diferenças importantes entre esses setores. O volume de produtos comercializados tem crescido gradualmente, e as negociações tornaram-se mais exigentes. Muitas empresas preferem contratos anuais com valores fixos e exigem maior rigor documental, inclusive com auditorias externas para qualificação de fornecedores. Um destaque recente é o crescimento do segmento de etanol de milho, que tem impulsionado a demanda por insumos químicos. Para atender cada mercado com excelência, adaptamos nossa abordagem técnica, logística e comercial conforme as exigências específicas de cada cliente e setor — sempre com o suporte de parceiros estratégicos que confiam na nossa atuação há mais de 20 anos.
GlobalKem – Considerando a missão da Boraquímica de distribuir produtos nacionais e importados, quais são as estratégias da empresa para lidar com os custos de nacionalização, variações cambiais e a volatilidade nos preços de matérias-primas?
Rodrigo Chaves – Mantemos estoques estratégicos e realizamos importações mensais, o que nos permite equilibrar os custos e oferecer preços médios mais competitivos. Essa prática ajuda a suavizar os impactos das variações cambiais e da volatilidade das matérias-primas. Além disso, nossa relação de longa data com fornecedores internacionais — como BASF e Prayon — nos permite negociar com previsibilidade e segurança, garantindo condições comerciais estáveis e confiáveis para nossos clientes.
GlobalKem – O setor químico nacional enfrenta desafios como a perda de competitividade frente aos produtos importados e baixas taxas operacionais. Quais são os principais obstáculos e oportunidades que a Boraquímica identifica ao atuar também com insumos importados?
Rodrigo Chaves – Os principais desafios incluem o alto custo trabalhista, a escassez de mão de obra qualificada, os elevados custos logísticos e a alta taxa de juros. Além disso, o Brasil ainda não é autossuficiente na produção de diversos insumos químicos, o que torna a importação uma necessidade estratégica. Por outro lado, atuar com insumos importados nos permite acessar tecnologias avançadas e ampliar nosso portfólio com marcas globais de referência — muitas das quais mantêm conosco parcerias de décadas, reconhecendo a seriedade e o compromisso da Boraquímica com a excelência.
GlobalKem – Como a Boraquímica tem respondido às demandas cada vez maiores por sustentabilidade e responsabilidade ambiental no setor químico? Há ações ou investimentos em ESG que você destacaria?
Rodrigo Chaves – A sustentabilidade é um dos pilares da nossa atuação. Mantemos todas as licenças ambientais em dia e contamos com certificações ISO 9001 e ISO 14001, que reforçam nosso compromisso com a qualidade e a gestão ambiental. Nossas instalações são projetadas para armazenamento seguro e eficiente, e trabalhamos com transportadoras certificadas, além de frota própria. Investimos continuamente em práticas ESG, com foco em reciclagem, educação ambiental e redução de impactos — valores que também compartilhamos com nossos parceiros internacionais, que reconhecem e valorizam nossa responsabilidade ambiental.
GlobalKem – Desde 2003, a Boraquímica conta com frota própria. Como a empresa tem enfrentado os desafios da alta no custo do frete, influenciado pelas flutuações do petróleo e mudanças na composição do diesel, e quais estratégias têm sido adotadas para minimizar impactos na distribuição?
Rodrigo Chaves – Contar com frota própria nos dá maior controle sobre os prazos e custos de entrega. Também trabalhamos com transportadoras parceiras para ampliar nossa cobertura. Para mitigar os impactos do alto custo do frete, agrupamos entregas por região e buscamos antecipar pedidos sempre que possível, otimizando rotas e reduzindo o custo por operação. Essa eficiência logística é parte do nosso compromisso com a pontualidade e a precisão.
GlobalKem – Em 2025, vimos as tarifas comerciais dos EUA impactando o mercado global, com reflexos no consumo e nos custos. Como a Boraquímica se posiciona frente a possíveis reações do governo brasileiro e quais estratégias são adotadas para manter a competitividade mesmo em um cenário de margens pressionadas?
Rodrigo Chaves – As tarifas comerciais impactam diretamente o mercado global e exigem uma resposta ágil das empresas. Antecipamos algumas importações e monitoramos constantemente as movimentações internacionais. Acreditamos que nossos clientes também buscarão alternativas de mercado, e estamos preparados para adaptar nossas estratégias conforme as mudanças se consolidem. Nossa experiência com fornecedores internacionais e nacionais e nossa estrutura logística nos permitem manter a competitividade mesmo em cenários desafiadores.
GlobalKem – A Boraquímica tem planos de investimentos futuros e expansão de atividades no Brasil ou em localidades internacionais?
Rodrigo Chaves – Sim. Recentemente, renovamos toda a nossa frota de caminhões, dobramos a capacidade do nosso centro de distribuição em Navegantes/SC e estamos finalizando a construção do Galpão III em nossa unidade de Cravinhos/SP. Esses investimentos aumentam nossa capacidade de armazenamento e negociação com fornecedores, permitindo melhores condições comerciais e maior agilidade na distribuição. Seguimos atentos a oportunidades de expansão que fortaleçam nossa presença nacional e internacional — sempre com o compromisso de manter parcerias sólidas e duradouras.
GlobalKem – Como você enxerga o futuro da indústria de produtos químicos no Brasil e no mundo? Há alguma tendência ou transformação que, na sua visão, será decisiva para o setor?
Rodrigo Chaves – Enxergamos o futuro da indústria química com otimismo. O setor ainda tem muito espaço para crescer e se desenvolver, impulsionado por novas tecnologias, produtos inovadores e demandas cada vez mais específicas. Acompanhamos de perto essas transformações e acreditamos que a adaptação constante será decisiva para o sucesso das empresas do setor. Estar atento às mudanças e investir em inovação é essencial — e é justamente essa visão que nos permite manter parcerias duradouras com líderes globais e oferecer soluções de alto valor agregado ao mercado brasileiro.
GlobalKem – Há algo sobre distribuição, cenário de mercado, impactos macroeconômicos, sustentabilidade, investimentos, dentre outros assuntos que foram questionados que você gostaria de compartilhar com nossos leitores?
Rodrigo Chaves – Sim. Acreditamos que a distribuição de insumos químicos tem um papel cada vez mais relevante no atual cenário de mercado, especialmente diante dos impactos macroeconômicos e das exigências crescentes por eficiência e sustentabilidade. A Boraquímica acompanha de perto essas transformações, investindo continuamente em tecnologia, estrutura logística e capacitação da equipe para garantir agilidade, segurança e confiabilidade no atendimento. Além disso, temos um olhar atento para as práticas sustentáveis, buscando alternativas que minimizem impactos ambientais e fortaleçam a relação de parceria com nossos clientes e fornecedores. Nosso objetivo é estar sempre preparados para os desafios do mercado, contribuindo com soluções que atendam às necessidades de diferentes segmentos e apoiem o crescimento sustentável de nossos clientes. Investir em todas as áreas é essencial — e valorizar o ser humano, oferecendo condições para que cada colaborador desenvolva seu trabalho com excelência, é parte fundamental da nossa cultura. É essa combinação de valores que sustenta nossa trajetória de mais de 20 anos e nos permite manter parcerias sólidas com gigantes do setor químico global.