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Nova suspensão do gás russo deixa europeus em alerta

Os países do oeste da Europa estão em alerta pela interrupção, nesta quarta-feira (31) e durante três dias, do fornecimento do gás russo através do gasoduto Nord Stream, que coincide com uma escalada dos preços da energia no continente.

A gigante russa Gazprom havia alertado para a interrupção devido a trabalhos de manutenção “necessários” em uma estação de compressão na Rússia, de onde sai o gás para o norte da Alemanha e de lá para outros países europeus.

O fornecimento foi interrompido nas primeiras horas da manhã desta quarta-feira, segundo dados publicados online pela rede europeia de transporte de gás Entsog e pela empresa Nord Stream.

A Gazprom, por sua vez, confirmou que suspendeu “completamente” suas entregas para a Europa.

“Os trabalhos de manutenção previstos em uma estação de compressão de gás começaram”, indicou em sua conta do Telegram.

Esta manutenção programada até sábado deve acontecer “a cada 1.000 horas”, indicou a empresa de energia, proprietária do gasoduto.

No contexto da guerra na Ucrânia, a energia está no centro das tensões entre Moscou e as capitais ocidentais que acusam regularmente a Rússia de usar o gás “como uma arma”.

Nos últimos meses, a Gazprom já reduziu em 80% os volumes fornecidos através do Nord Stream.

Para o diretor da Agência Alemã de Redes, Klaus Müller, esses trabalhos são “incompreensíveis no plano técnico”. A experiência mostra que a Rússia “toma uma decisão política por trás de cada suposta manutenção”, disse ele.

Ao medo de uma escassez de gás no inverno europeu, soma-se um novo aumento dos preços da energia elétrica, que alcançaram recordes nos últimos dias e ameaçam aumentar ainda mais a conta de luz.

Na próxima semana está programada uma reunião extraordinária dos ministros da Energia da União Europeia para discutir uma reforma do mercado elétrico que permita controlar os preços.

A questão é se a interrupção vai durar apenas três dias ou se durará mais.

Questionado sobre o tema, o porta-voz do Kremlin, Dmitri Peskov, respondeu que as capitais ocidentais “adotaram sanções contra a Rússia que não permitem os trabalhos normais de manutenção e reparo”.

Os precedentes não são reconfortantes: em julho, a Gazprom realizou trabalhos de manutenção no Nord Strem por dez dias. Ao reabrir a torneira, reduziu o volume entregue, que atualmente está em 20% da capacidade normal do gasoduto.

A culpa, segundo Moscou, é de uma turbina que está em falta e que não pode ser reenviada à Rússia devido às sanções. A Alemanha, onde se está a turbina, afirma que é Moscou quem bloqueia a devolução dessa peça.

Antes da invasão russa da Ucrânia, o Nord Stream entregava cerca de um terço dos 153 bilhões de metros cúbicos de gás comprados anualmente pela União Europeia.

Em Lubmin, o porto do Mar Báltico onde termina o gasoduto, a incerteza é evidente.

“Em julho foi uma manutenção regular prevista há muito tempo. Desta vez não estava prevista e não sabemos o que se esconde por trás desta operação”, explicou à AFP uma fonte da Gascade, empresa que transporta o gás entregue pelo Nord Stream através da Alemanha.

Diante do risco de uma grande crise energética no inverno europeu, a maior economia europeia tenta há meses encontrar alternativas ao gás russo, do qual é particularmente dependente, e de reduzir seu consumo.

O esforço começa a dar frutos, como celebrou na terça-feira o chanceler Olaf Scholz. A Alemanha está agora “em uma posição muito melhor” para enfrentar os próximos meses, afirmou.

O objetivo do armazenamento de gás para outubro (85%) deve ser alcançado “no início de setembro”, segundo o governo.

Ao mesmo tempo, a indústria alemã consumiu 21,3% menos gás em julho em relação à média dos mesmos meses de 2018 a 2021.

A alternativa do gás natural liquefeito (GNL) parece estar no caminho certo, com inúmeros terminais flutuantes que devem começar a operar no inverno. O primeiro deles deve estar localizado no porto de Lubmin para compensar a perda de volumes do Nord Stream.

“Esperamos poder injetar gás na rede de distribuição em 1º de dezembro”, disse Stephan Knabe, da Deutsche ReGas, empresa responsável pelo projeto.

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ISTOÉ Dinheiro
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