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Escassez de óleo de soja eleva preço do biodiesel

Resultados preliminares do 75º Leilão de Biodiesel (L75), com etapas realizadas esta semana, mostram que os preços médios alcançaram um patamar recorde, de R$ 4,622 por litro, acima do último leilão complementar (L73C), com preço, já elevado na comparação com patamares históricos, de R$ 4,603 por litro.

A razão pela contínua alta dos preços se dá principalmente pela baixa oferta de biodiesel. As produtoras têm enfrentando escassez na disponibilidade de óleo de soja no mercado doméstico por conta da forte demanda da China pela soja brasileira.

De janeiro a julho, o Brasil bateu recorde e exportou 73,24 milhões de toneladas do grão, 35,5% a mais que no mesmo período de 2019, conforme o relatório da Secretaria de Comércio Exterior (Secex).

Com isso, os estoques de soja nacional estão reduzidos e as cotações dos derivados dispararam em muitas regiões do Brasil, de acordo com dados do Centro de Estudos Avançados em Economia Aplicada (Cepea). A tendência deve seguir até o final do ano.

“O fato se deve ao uso do insumo como matéria para a produção do biodiesel, à queda na produção no Rio Grande do Sul e à aceleração das compras de soja pela China. É uma situação passageira e não haverá nenhuma ruptura no setor. Já tínhamos vivido isso em 2018 e em 2019, mas houve um recrudescimento neste ano”, acredita Juan Diego Ferrés, presidente da União Brasileira do Biodiesel e Bioquerosene (Ubrabio).

Para Ana Luiza Lodi, especialista da StoneX, a possibilidade de faltar óleo está presente, o que poderia motivar uma maior busca por importações.

“Usualmente os volumes de óleo importados pelo Brasil são pequenos. A demanda pelos subprodutos pode acabar sendo atendida pelo processamento de soja importada e não, necessariamente, pela importação direta de óleo”.

Esmagadoras já têm importado maior volume de soja. A importação brasileira de soja cresceu 41% entre junho e julho, totalizando 126,18 mil toneladas no último mês.

“Esse é o maior volume comprado desde julho de 2003. Grande parte desse volume teve como origem o Paraguai, mas pequenos lotes foram trazidos também da Argentina e dos Estados Unidos”, afirmam pesquisadores do Cepea.

Outro fator que pressionou os preços no L75 foram os Preços Máximos de Referência (PMRs), determinados pela Agência Nacional de Petróleo, Gás Natural e Biocombustíveis (ANP), que servem como teto para as negociações.

Mesmo com a alta na cotação de óleo de soja, os preços definidos pela agência ficaram em torno de 4,2% menores do que no último leilão regular, o que desestimulou a oferta de biodiesel.

“O PMR divulgado pela ANP para o Leilão 75 ficou em patamares menores do que o do leilão anterior. Mesmo com essa queda, os preços do biodiesel continuam elevados e a oferta pelas usinas ficou menor que a demanda estimada. Com isso, a forte demanda já está puxando os preços para cima, com o preço médio já superando R$ 4000/m³”, explica Ana Luiza Lodi.

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epbr
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