Demanda

Preços das embalagens de plástico dão salto em Minas

Vários segmentos em Minas Gerais têm percebido alta nos preços de insumos de plásticos nos últimos meses. Esse aumento vai desde embalagens, nos bares, restaurantes e padarias até PVC na construção civil. No entanto, as vendas desses produtos estão estáveis e não aumentaram em função da pandemia. O motivo da elevação dos preços é a morosidade de entrega de insumos, o que desabastece momentaneamente alguns setores e causa elevação dos custos, segundo representantes da indústria do plástico no Estado.

No segmento de padarias, por exemplo, o preço de algumas embalagens mais que triplicou nos últimos dez meses. “Há embalagens que comprávamos por R$ 0,25 e que agora estamos pagando R$ 0,80. Isso ocorre exatamente em um momento em que os produtos bem embalados estão tendo uma valorização maior por parte do consumidor, pois são mais seguros em relação à Covid. Então estamos tendo que repassar esses custos”, observou o presidente o presidente do Sindicato e Associação Mineira da Indústria da Panificação (Amipão), Vinícius Dantas.

No segmento de bares e restaurantes, o custo dos insumos plásticos também tem pesado. “Há muitas pessoas inexperientes vendo oportunidade no delivery e entrando no segmento. Então a demanda por embalagem está alta. Os custos subiram muito nos últimos meses, embora tenham se estabilizado ‘no alto’ nas últimas duas semanas, penalizando mais ainda o nosso setor, que ficou muito tempo de portas fechadas e agora está novamente fechado”, pontuou o presidente da presidente da Associação Brasileira de Bares e Restaurantes em Minas Gerais (Abrasel), Matheus Daniel.

No setor de construção civil, os custos de vários insumos têm subido, entre eles está o cano de PVC, que teve elevação de 22,58% em 12 meses. De acordo com o Sindicato da Indústria da Construção Civil de Minas Gerais (Sinduscon-MG), não há desabastecimento de PVC e, sim, morosidade na entrega do produto. Os prazos, que até setembro eram de 48 horas, estão hoje entre 30 e 60 dias.

Indústria
É exatamente isso que explica a presidente do o Sindicato da Indústria do Material Plástico do Estado de Minas Gerais (Simplast), Ivana Serpa. “Há morosidade na entrega, que começa no fornecimento de matérias-primas”. Segundo ela, em todo o mundo vem ocorrendo paradas pontuais de fornecedores, em função da pandemia ou por questões climáticas, como é o caso de petroquímicas nos Estados Unidos. Isso motivou uma alta dos valores do insumo e, segundo ela, a única fornecedora brasileira, a Braskem, tem acompanhado essa alta.

“Considerando somente o Brasil, em paralelo a essa situação mundial, de elevação nos preços, há ainda a questão da alta do dólar, que aumenta as exportações, causando demora no fornecimento para o mercado interno. Então, as indústrias estão demorando mais tempo para obter matéria-prima, e isso vai refletindo em toda a cadeia do plástico até o consumidor final”, explicou. Ivana Serpa observou que a comercialização do plástico em 2020 ficou praticamente estável em relação a 2019, registrando queda de 0,6%.

A presidente do Simplast-MG avalia que a demanda, principalmente na indústria farmacêutica e hospitalar é crescente e são setores que não podem se dar ao luxo de esperar muito pelos insumos. “Há setores importando plástico, mas mesmo assim, há morosidade na liberação de contêineres, devido aos processos de higienização, por causa da pandemia”, informou.

No Brasil, a única petroquímica fornecedora de resinas termoplásticas para a indústria do plástico é a Braskem. Procurada, a empresa negou que falte matéria-prima no mercado interno. Também afirmou que a alta do dólar não interfere nas exportações, uma vez que a empresa pratica os valores internacionais no mercado interno. “A Braskem inclusive vem praticando reajustes abaixo da paridade mundial”, informou a empresa em nota enviada à reportagem.

A petroquímica afirmou que tem priorizado o mercado brasileiro e que as vendas no país têm batido recordes, como mostram os resultados dos últimos trimestres. As vendas de polietileno (PE) no mercado interno em 2020 cresceram 5,4% em relação a 2019, enquanto as exportações caíram 17%. No polipropileno (PP), em 2020, as vendas no mercado doméstico cresceram 9,4% enquanto as exportações caíram 35% em relação a 2019. “Em 2021, seguimos priorizando o atendimento ao mercado doméstico”, diz a nota.

A Braskem também informou que vem buscando ações para manter o equilíbrio do fornecimento de resinas termoplásticas no Brasil. “A oferta de resinas em geral tem crescido nos últimos meses, com o aumento dos volumes de importação de resinas. No PE, não há qualquer sinal de desabastecimento. No PP, de forma preventiva, em função de situações pontuais de menor oferta da resina no contexto global, a Camex deliberou sobre cota de importação de PP livre de imposto de importação por um período limitado.

Fonte
Diario do Comércio
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