Como incêndio no Japão afeta mercado automobilístico e de aço no Brasil
As montadoras de carros em todo o mundo estão enfrentando problemas nas suas linhas de produção e correndo risco de perderem bilhões de lucros por falta de um material essencial: os semicondutores. Eles são usados na fabricação de componentes eletrônicos como chips, LEDs e outros produtos tecnológicos presentes em praticamente todos os eletroeletrônicos e, claro, nos carros.
Um incêndio em uma das maiores fabricante e fornecedora de chips usados em aparelhos de som, no Japão, abalou a cadeia de produção mundial.
O incêndio na fábrica da AKM ocorreu ainda em outubro de 2020, mas a empresa divulgou uma nota no último mês dizendo que ainda não conseguiu reestabelecer a fabricação dos semicondutores e que estavam discutindo com os seus clientes sobre a possibilidade de mudar para produtores alternativos e solicitou que outros fabricantes do material os ajudassem com essa alternativa.
O desastre aumentou o desafio da indústria automotiva mundial, que já vinha sofrendo pela falta de semicondutores devido à paralisação global em 2020, em decorrência da pandemia do coronavírus. A alta demanda do mercado de eletrônicos gerou uma corrida pelos chips e outros itens usados em celulares e computadores.
Executivos das montadoras Ford Motors e General Motors estão prevendo a perda de bilhões por conta da paralisação das linhas de produção.
Os fabricantes americanos de chips foram, inclusive, ao presidente americano Joe Biden pedir financiamento para a produção.
Aqui no Brasil, o presidente da Anfavea (Associação Nacional das Fabricantes de Veículos Automotores), Luiz Carlos Moraes, afirmou neste mês que as montadoras estão passando por dificuldades na produção de veículos por causa da falta de itens como semicondutores, bem como alguns tipos de pneus e aços.
“Esse é um desafio global, mas estamos fazendo um esforço pra manter o ritmo de produção e atender a demanda do mercado”, alertou Moraes.
Em relação às montadoras, a assessoria de imprensa da Fiat informou que a falta do material é um fenômeno global, que afeta vários setores, incluindo o automotivo, devido ao aumento da demanda de aparelhos eletrônicos e de telefonia.
“A Stellantis, da qual a Fiat faz parte, observa e administra o fluxo de componentes, a fim de preservar a produção de veículos”, afirma comunicado da empresa.
Fontes ligadas à indústria siderúrgica afirmaram ao Monitor do Mercado que o volume de pedidos vindos das indústrias automobilísticas foi reduzido nos últimos tempos.
Contatadas, siderúrgicas como Usiminas, CSN, Gardau e Tupy, por meio de suas assessorias de imprensa, informaram que não comentariam o assunto. As montadoras Ford, Volkswagen, Chevrolet e Hyundai também não quiseram falar.
Apesar de ser um problema global, para o Brasil a falta de insumos para a produção automobilística prejudica o setor e deixa em evidência outro problema do mercado nacional: a falta da produtos fabricados no país.