Europa acelera investimentos em infraestrutura para receber hidrogênio verde; Ceará é visto como grande parceiro
A direção do Porto de Roterdã, na Holanda, quer montar um grande complexo de distribuição de hidrogênio que atenda às principais indústrias da Europa. Para isso, foi lançado o plano de infraestrutura “Corredor Delta”, que liga o porto às cadeias industriais dos Países Baixos até Colônia, na Alemanha.
Hoje, o Porto de Roterdã é o grande ponto de chegada de combustíveis na Europa (hoje a demanda está centralizada nas matrizes fósseis) e por meio de uma grande estrutura de oleodutos, esses combustíveis chegam às principais indústrias do continente. O plano, segundo diretores do Porto de Roterdã, é que o hidrogênio substitua essa matriz fóssil e os oleodutos sejam substituídos por gasodutos próprios para amônia e metanol, que são subprodutos do hidrogênio verde.
As afirmações foram feitas pelo gerente do Programa de Eletrificação e Hidrogênio do Porto de Roterdã, Randolf Waterings. Durante participação no painel “O cenário internacional do Hidrogênio – Porto de Roterdã” junto de outros dois gerentes da área de Infraestrutura do porto, na I Fórum Internacional do Hidrogênio Verde, finalizado dia 24 de novembro, em Fortaleza, ele destacou os investimentos em infraestrutura, desenvolvimento de fontes de produção de energia eólica offshore com capacidade de 2,5 GW e um espaço destinado às usinas de eletrólise, que terá como âncora um fábrica da Shell. O plano é que até 2026 a estrutura de distribuição esteja viabilizada.
Ainda assim, a capacidade de atendimento da demanda europeia a partir dessa produção é mínima. Por isso, Randolf destaca que as parcerias serão de vital importância. E é aí que o Brasil e, mais especificamente, o Ceará se beneficiam. O Porto de Roterdã já tem mobilizado uma equipe técnica em busca de parceiros e veem no Estado um grande potencial, por meio do Complexo do Pecém. “Muito importante ter conectores, isso é fundamental. Vejo o Pecém como um importante exportador, já que na Holanda temos a demanda, mas não temos o espaço para produzir.”
“Acho muito interessante trazer que o preço é um diferencial do Pecém quando comparamos aos outros países do mundo. Eu sei que com todo potencial eólico e solar do Ceará vocês têm uma grande oportunidade de tornar o Brasil no país que pode ofertar hidrogênio verde pelo valor mais competitivo”, afirma.