Corrida global por alumínio reciclado e novas tarifas redesenham o comércio e pressionam a indústria brasileira
O mercado global de alumínio passa por uma reconfiguração estrutural impulsionada pela corrida internacional por materiais reciclados e pela imposição de novas tarifas comerciais, fatores que têm alterado o fluxo de exportações brasileiras e aumentado a competição global. A Associação Brasileira do Alumínio (ABAL) e a Companhia Brasileira de Alumínio (CBA) apontam que as mudanças no comércio e na regulação ambiental estão exigindo uma adaptação estratégica da cadeia nacional para preservar competitividade e sustentabilidade.
A ABAL alerta que o avanço da demanda mundial por sucata e o aumento das exportações brasileiras desse insumo têm limitado a capacidade interna de reciclagem — atualmente em torno de 645 mil toneladas por ano, embora o país disponha de estrutura instalada superior a 1 milhão de toneladas. Segundo a entidade, a disputa global pelo material, liderada por países asiáticos como a China, está deslocando volumes antes destinados à indústria nacional, o que pode comprometer a autossuficiência e a circularidade da cadeia no médio prazo.
Paralelamente, a CBA vem redirecionando parte de suas exportações após a imposição de tarifas de 50% pelos Estados Unidos sobre o alumínio brasileiro. O foco agora se volta para a Europa e a América Latina, com destaque para a antecipação de contratos no mercado europeu antes da vigência do CBAM (Carbon Border Adjustment Mechanism) — instrumento que, a partir de 2026, taxará produtos com alta pegada de carbono. Esse movimento reforça a busca global por alumínio de origem certificada e baixa emissão, segmento no qual o Brasil mantém vantagem competitiva graças ao uso de 90% de energia renovável na produção.
Na Ásia, a China consolida sua posição como principal vetor da transição industrial, ampliando sua capacidade de reciclagem para 22 milhões de toneladas anuais e reduzindo a produção primária baseada em carvão. O país passou a importar sucata de regiões como América do Sul e Europa, acirrando a disputa por recursos recicláveis e elevando os preços globais do material. Esse cenário pressiona países exportadores, como o Brasil, a rever políticas de retenção de sucata e fortalecer mecanismos de incentivo à reindustrialização verde.
Autoral GlobalKem | 06 de novembro de 2025