A demanda interna insuficiente ganhou destaque entre os principais desafios enfrentados pela indústria brasileira no primeiro trimestre de 2025. Segundo a Sondagem Industrial divulgada pela Confederação Nacional da Indústria (CNI), o problema, que ocupava a quinta posição no final de 2024, subiu para a segunda colocação, ao lado das altas taxas de juros.
A elevada carga tributária segue liderando a lista de preocupações dos industriais, sendo citada por 33,3% das empresas. A taxa Selic foi mencionada por 27,1%, enquanto a baixa demanda passou de 22,3% para 27,1% dos entrevistados. A falta ou alto custo de mão de obra qualificada (22,4%) e a escassez de matéria-prima (21,3%) completam o ranking dos cinco maiores entraves.
Para Marcelo Azevedo, gerente de Análise Econômica da CNI, a combinação entre juros altos e redução dos gastos públicos está por trás da menor procura por produtos industriais. Essa percepção, segundo ele, afeta negativamente decisões de produção, contratação e investimento.
A pesquisa também mostra piora nas condições financeiras das empresas. O índice de satisfação caiu de 50,9 para 48,8 pontos, e o de lucro operacional, de 45,8 para 43,8 pontos. O acesso ao crédito também ficou mais difícil, com recuo de 1,6 ponto.
Já o desempenho da atividade industrial teve retração em março. O índice de produção ficou em 49 pontos e o de emprego em 49,2 pontos – ambos abaixo da linha divisória de 50. A Utilização da Capacidade Instalada permaneceu estável em 69%.
Apesar do cenário desafiador, as expectativas para os próximos meses seguem positivas, embora a intenção de investimento tenha recuado pelo segundo mês consecutivo, chegando a 56,4 pontos.
Adaptado GlobalKem | 24 de abril de 2025