Na China, o mercado de soda cáustica sofreu diversos impactos em sua produção em 2021, o que resultou em menor disponibilidade, principalmente da soda escamas exportada para o Brasil. Somente no ano de 2020 entre janeiro e outubro, do total do volume importado de soda cáustica escamas pelo Brasil, em média 39% foi proveniente da China. Já neste ano, a média para o mesmo período caiu drasticamente para aproximadamente 2,5%, uma queda de mais de 93% se comparado com o ano anterior. Isso resultou em baixa oferta do produto nas distribuidoras nacionais e uma maior procura pelo mesmo nas fabricantes do Brasil, como Braskem e Unipar, sobrecarregando-as com a alta demanda e resultando na prática de preços elevados ao longo do ano.
Os motivos para essa diminuição nas importações provenientes da China são diversos, entre eles, os inúmeros casos de Covid no país levaram a medidas de isolamento que acabaram por prejudicar não só a produção de soda caustica, mas de vários produtos, assim como o seu escoamento e consumo. A implementação da política “Covid zero” pela China, impôs regras inflexíveis que afetaram as embarcações de produtos e restringiu a circulação de pilotos de navios sempre que havia uma suspeita de contaminação pelo vírus, sendo que a quarentena para tripulantes e, principalmente para estrangeiros, se tornou obrigatória, intensificando ainda mais os atrasos. Neste ano, por causa de casos isolados de Covid, importantes portos chineses foram fechados por semanas, como o caso do porto (Nimbo Jóshan) Ningbo-Zhoushan, o terceiro maior em movimentação de contêineres do mundo.
Ainda em relação aos atrasos em embarcações, a falta de containers e os altos valores de frete tornaram a importação pouco vantajosa e a espera ainda maior. Além disso, a crise energética enfrentada pela China, com suas medidas de Controle Duplo, ou seja, tanto energético como ambiental, resultou em paralisações de produções que não atendiam aos requisitos ambientais e cortes na produção de soda cáustica por falta de energia elétrica. Como forma de priorizar o mercado interno e diminuir os preços praticados, o governo chinês restringiu as exportações de vários de seus produtos para outros países, prejudicando ainda mais as nações dependentes.
Quanto a soda solução, em que cerca da metade do volume consumido pelo Brasil é proveniente dos EUA, também sofreu reajustes constantes nos preços e baixa oferta. Um dos motivos mais recentes foi causado pelo furacão Ida que atingiu a região de Louisiana no fim de agosto, onde se encontram as maiores produtoras de cloro-álcalis dos EUA. As incertezas quanto a disponibilidade de produto, declarações de Força Maior das produtoras nos meses passados, altos custo de produção e atrasos em importações geraram aumentos consecutivos nos valores da soda, que continuam altos no Brasil e no exterior.
Mercado Nacional
No Brasil, o último trimestre tem sido marcado pela alta demanda por soda cáustica o que elevou ainda mais os preços no mercado nacional. A soda cáustica solução 50%, de janeiro a novembro desse ano, sofreu um aumento de 117% em preço FOB, já a soda cáustica escamas, que teve um maior reajuste no mês de novembro pela baixa oferta de produto, representou um aumento de 218%.
Para atender a maior demanda nos próximos anos, a Unipar irá aumentar a sua capacidade de produção de soda cáustica e cloro em 15%, assim como de ácido clorídrico, em sua planta em Santo André/SP até o segundo semestre de 2023. No total, a Unipar irá produzir 545 mil ton/ano de cloro, 615 mil ton/ano de soda cáustica e 755 mil ton/ano de ácido clorídrico.