A Alemanha enfrenta problemas desde o início do ano para lidar com a queda no fornecimento de gás natural russo, responsável por mais de 40% do total consumido. A fonte é a segunda mais importante da matriz energética alemã, representando 26,1% do total.
A redução na quantidade de gás natural fornecida ocorreu devido às sanções aplicadas contra a Rússia após a invasão na Ucrânia, em fevereiro. Neste mês, a Alemanha declarou oficialmente que enfrenta uma falta de gás natural, demandando um plano de crise para tentar garantir o abastecimento antes da chegada do inverno, que começa em dezembro na Europa.
Na quinta-feira (23), a segunda fase do plano de emergência foi ativada, o que pode levar o país a racionar o fornecimento para a indústria alemã. A Alemanha é a maior economia e potência industrial da União Europeia e uma das maiores do mundo, e qualquer redução no fornecimento teria um impacto global.
Caso a queda ocorra, a desaceleração da economia alemã poderia levar a uma recessão, afetando tanto a economia da União Europeia como um todo quanto a mundial. Além disso, as cadeias de produção seguem com os problemas da pandemia, e qualquer nova disrupção pioraria o cenário.
No curto prazo, a solução para o país seria compensar a falta de gás com o carvão. Entretanto, isso não seria uma solução de longo prazo, já que representa uma fonte de energia muito poluente, e a União Europeia vem tentando desde antes da guerra intensificar uma transição para energias mais limpas.
Ao mesmo tempo, a Alemanha corre contra o tempo para incentivar uma economia do uso de gás natural e reforçar suas reservas antes do inverno. Atualmente, as reservas estão preenchidas em 58%, mas o ideal seria chegar a 90% para a estação fria, em que a demanda por gás é muito grande. Caso isso não dê certo, o país pode ser obrigado a implementar racionamentos.
Os Estados Unidos têm buscado ajudar a União Europeia e compensar a redução no fornecimento russo por meio do gás natural liquefeito. Porém, um incêndio em uma indústria produtora no Texas obrigou a paralisação na produção em 90 dias, afetando a quantidade entregue.