A Petrobras propôs aumentar entre duas e quatro vezes o preço do gás natural em 2022, nos novos contratos que está negociando com as distribuidoras estaduais. Se o reajuste se confirmar, deverá ser repassado para o consumidor final de gás canalizado.
Segundo a Associação Brasileira das Empresas Distribuidoras de Gás Canalizado (Abegás), a Petrobras apresentou propostas de contrato com diferentes prazos de validade e valores. Para os mais curtos, de seis meses a um ano, o aumento pode ser de até quatro vezes, aproximando os preços internos das cotações internacionais de GNL, que têm sido bastante pressionadas.
Com isso, o preço da molécula do gás praticado pela estatal, no país, de US$ 8/MMBtu, pode subir para US$ 35/MMBtu no início do ano que vem.
Nos contratos mais longos, de quatro anos, o preço do gás pode dobrar, mas a Petrobras ofereceu uma opção de diferimento. Assim, as distribuidoras poderão diluir o aumento esperado para 2022 ao longo dos anos seguintes.
De acordo com uma fonte da estatal, a expectativa é que haja um pico nos preços no início do ano que vem, mas que os valores cobrados voltem a ceder ainda em 2022, à medida em que o mercado global se normalize.
A maior parte do volume das concessionárias para 2022 está descontratada, de acordo com a Abegás. As empresas estão numa corrida para fechar novos contratos.
Diretor de estratégia e mercado da Abegás, Marcelo Mendonça estima que os novos fornecedores de gás natural que vão operar a partir de 2022, como Shell e PetroRecôncavo, teriam condições de atender, no máximo, 5 milhões de m3/dia – cerca de 12,5% de toda a demanda não térmica das distribuidoras em outubro. Ou seja, mesmo com novos atores, as concessionárias seguem dependentes da Petrobras.
Diante das novas propostas da Petrobras às concessionárias, a Abegás pretende entrar com uma representação no Conselho Administrativo de Defesa Econômica (Cade) contra a petroleira, e pede que as bases dos contratos vigentes sejam mantidas.