Setor marítimo traça rota de resiliência para 2026 em meio à queda de tarifas e excesso de capacidade
O transporte marítimo global se prepara para um novo ciclo em 2026, marcado pela redução de até 25% nas tarifas spot e 10% nos contratos de longo prazo, segundo projeções do setor. A desaceleração do comércio internacional, o aumento da oferta de navios e as tensões geopolíticas mantêm o cenário de pressão sobre as margens, exigindo das transportadoras maior eficiência operacional e resiliência logística diante da volatilidade do mercado.
O realinhamento global ocorre em um contexto de desacoplamento entre crescimento econômico e fluxo de contêineres, impulsionado por tarifas, disputas comerciais e reconfiguração de cadeias de suprimentos. As rotas entre Ásia, Europa e América do Norte passam por ajustes de origem e destino, com o redirecionamento de volumes chineses para mercados emergentes e o avanço de países como Índia e Vietnã como plataformas exportadoras. Essa redistribuição de rotas se intensificará ao longo de 2026, com novas estruturas contratuais entre embarcadores e armadores.
O conflito no Mar Vermelho continua a impactar diretamente os tempos de trânsito e a capacidade efetiva de transporte, já que parte das embarcações mantém desvios pelo Cabo da Boa Esperança, prolongando prazos e elevando custos logísticos. A retomada gradual das rotas originais, caso confirmada até o segundo semestre de 2026, poderá gerar excesso de capacidade e pressionar novamente os preços de frete.
A expansão acelerada da frota também é um ponto de atenção. Até 2030, está prevista a entrada de 10 milhões de TEUs em novas embarcações, 75% delas construídas na China, o que reforça o domínio do país na construção naval. Mesmo com um crescimento projetado de 3,6% na frota em 2026, o ritmo de descomissionamento de navios antigos permanece lento, ampliando o risco de superoferta e de nova guerra de tarifas entre operadores globais.
Enquanto isso, as rotas entre China e Rússia permanecem como um dos principais eixos de adaptação logística, operando com custos médios em torno de US$ 5.300 por contêiner de 40 pés. Embora ainda superiores às tarifas de corredores europeus, essas rotas consolidam o avanço da competição intermodal entre transporte marítimo e ferroviário, ampliando a flexibilidade de escoamento para mercados da Eurásia.
O encerramento de 2025 consolida um período de transição para o transporte marítimo global, em que a normalização pós-pandemia deu lugar a uma nova lógica de eficiência e controle de capacidade. O setor fecha o ano com o aumento na oferta, consolidação de novas rotas e reorganização das cadeias logísticas após sucessivas tensões geopolíticas.
Autoral GlobalKem | 30 de outubro de 2025