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Disputa EUA–China redefine mercado global de alumínio e realinha cadeias de abastecimento

Fonte da Imagem: Freepik

A disputa estratégica entre Estados Unidos e China nas Américas já provoca impactos diretos no mercado de alumínio e alumina. Desde o início de 2025, as importações norte-americanas de alumínio totalizam 1,81 milhão de toneladas, um recuo em relação a 2024, refletindo o efeito das tarifas de até 50% impostas sobre produtos chineses. A medida fortaleceu a posição do Canadá como principal fornecedor e abriu espaço para produtores da Índia e dos Emirados Árabes Unidos, que ampliaram suas exportações ao mercado norte-americano.Enquanto isso, a China mantém sua produção doméstica em níveis recordes, atingindo 34 milhões de toneladas nos primeiros nove meses de 2025, alta de 2,2% na comparação anual. As exportações, porém, desaceleraram em função da pressão tarifária e da menor demanda internacional. Os preços globais do alumínio permaneceram em torno de US$ 2.780 por tonelada, sustentados pela forte demanda dos setores de veículos elétricos, energia renovável e data centers, considerados estratégicos por ambos os países.Na cadeia de alumina, a Jamaica tornou-se ponto de convergência entre geopolítica e segurança de suprimentos. Em abril de 2023, a Century Aluminum adquiriu 55% da Jamalco, reforçando o fornecimento de alumina jamaicana para refinarias e fundições nos EUA. As exportações do país registraram alta de 238% no início de 2025, consolidando a ilha como elo essencial na integração industrial do alumínio entre Caribe e América do Norte.Entretanto, problemas de infraestrutura ligados a obras financiadas por empresas chinesas, como a China Harbour Engineering Company (CHEC), colocaram o setor jamaicano sob risco operacional. Danos ambientais e falhas estruturais na rodovia T3 comprometeram sistemas hídricos usados no refino de alumina, gerando atrasos logísticos e custos adicionais de manutenção, um alerta sobre a dependência de financiamentos externos sem garantias técnicas robustas.No Canal do Panamá, a reconfiguração política e econômica também influencia o escoamento da cadeia do alumínio. Após auditorias revelarem US$ 1,2 bilhão em taxas não pagas e violações contratuais em concessões de portos administrados por grupos chineses, um consórcio liderado por investidores norte-americanos, com participação da BlackRock, adquiriu ativos regionais por cerca de US$ 23 bilhões em junho de 2025. A operação reduz a influência logística chinesa sobre uma rota responsável por 40% do tráfego de contêineres dos EUA e 5% do comércio marítimo global, assegurando maior previsibilidade ao transporte de commodities metálicas.Se consolidada, essa reestruturação tende a redirecionar o fluxo comercial do alumínio e da alumina no Atlântico, favorecendo fornecedores integrados à esfera ocidental e reduzindo a dependência de insumos processados na Ásia. O cenário indica uma transição para cadeias produtivas mais regionalizadas, politicamente alinhadas e energeticamente estratégicas, nas quais transparência, rastreabilidade e segurança logística passam a ser fatores determinantes de competitividade.

Autoral GlobalKem | 23 de outubro de 2025

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