Mercado

Desvalorização de carros elétricos em setembro sinaliza mudanças na demanda por ureia e enxofre

O mercado automotivo brasileiro apresentou um comportamento distinto entre os diferentes segmentos de motorização no último mês. Segundo o Índice Webmotors, os veículos elétricos novos registraram a maior desvalorização do mês (-0,49%), acima da variação observada em agosto (-0,38%) e superior à dos veículos a combustão (-0,15%).

Entre os modelos usados, a retração foi ainda mais expressiva, de -0,81%, embora o resultado indique leve recuperação frente à desvalorização de -1,47% registrada em agosto. Considerando o mercado como um todo, somando veículos novos e usados, a desvalorização média foi de -0,46% em setembro.

De acordo com Eduardo Jurcevic, CEO da Webmotors, o setor passa por uma fase de transição, marcada por dinâmicas distintas entre as tecnologias de propulsão. A Webmotors também aponta que o cenário atual pode indicar uma pressão baixista sobre os preços dos veículos novos, possivelmente associada a estratégias comerciais adotadas por montadoras no encerramento do terceiro trimestre.

No segmento de híbridos, o comportamento foi mais estável. Os modelos zero quilômetro apresentaram desvalorização de -0,14%, inferior à variação de agosto (-0,19%), enquanto os híbridos usados permaneceram inalterados (-1,01%).

A evolução do mercado de veículos elétricos carrega implicações diretas e indiretas para as cadeias industriais ligadas aos setores automotivo e de transporte. A redução gradual da frota movida a diesel, por exemplo, tende a afetar a demanda por soluções de controle de emissões, como o AdBlue, cuja principal matéria-prima é a ureia industrial.

Com o menor consumo de combustíveis fósseis e, consequentemente, a redução no uso de sistemas de tratamento de gases, o mercado de ureia industrial pode, no longo prazo, observar mudanças estruturais na demanda, sobretudo à medida que frotas elétricas e híbridas ganham participação, reduzindo a necessidade de aplicação de produtos como o AdBlue.

Em relação ao mercado de enxofre, apesar das especulações em torno do novo mercado consumidor estarem movimentando gradualmente a demanda pelo insumo, o setor deve registrar crescimento anual de 5,4% até 2030, totalizando um avanço de 30%. Assim, apesar do receio do mercado, impactos diretos deverão ser vistos somente no longo prazo.

Assim, a recente desvalorização dos veículos elétricos reflete não apenas ajustes de mercado e estratégias comerciais, mas também o compasso de uma transição industrial mais ampla, que já começa a repercutir sobre insumos químicos e energéticos fundamentais da cadeia automotiva.

Adaptado GlobalKem | 23 de outubro de 2025

Fonte
InfoMoney
Etiquetas
Mostrar mais
Botão Voltar ao topo
Fechar