Entrevistas

Alexandre de Castro, diretor comercial de PVC da Unipar, comenta sobre os bons resultados de 2020

Alexandre de Castro, Diretor comercial de PVC da Unipar Carbocloro, comenta sobre os bons resultados obtidos pela companhia durante 2020. Em entrevista exclusiva ao GlobalKem, esclarece estratégias e investimentos na produção de cloro-soda e PVC nas unidades do Brasil e Argentina.


A Unipar, consolidada como uma das maiores produtoras de cloro, soda e PVC da América Latina já faz parte do histórico brasileiro. Como foi o surgimento da companhia e qual a relevância no fornecimento destes produtos no mercado nacional?

A Unipar é líder na produção de cloro, soda e PVC da América do Sul e foi fundada no Brasil há mais de 50 anos.

A companhia foi inaugurada em 1969, quando Paulo Fontainha Geyer, Alberto Soares de Sampaio e Walther Moreira Salles comunicaram a fusão de suas participações, transferindo seus ativos na antiga Petroquímica União S.A. para uma nova empresa, a Unipar (União de Indústrias Petroquímicas). No início, a Unipar estava presente em cinco empreendimentos integrados: Petroquímica União S.A., Brasivil Resinas Vinílicas Ltda., Poliolefinas S.A. Indústria e Comércio, Empresa Brasileira de Tetrâmero Ltda. e Copamo (Consórcio Paulista de Manômero Ltda.), além da Carbocloro S.A. Indústrias Químicas.

No Brasil, a Unipar liderou a concepção e atuou como investidor destacado na implantação do primeiro Polo Petroquímico na região do ABC Paulista, que compreende sete municípios: Santo André, São Bernardo do Campo, São Caetano do Sul, Rio Grande da Serra, Ribeirão Pires, Diadema e Mauá. Já na Argentina foi uma das primeiras empresas a se estabelecer no Polo Petroquímico de Bahía Blanca, na Província de Buenos Aires, a 650 km da Capital Federal.

Após a aquisição da Solvay Indupa, em 2016, no valor de US$ 202 milhões, a Unipar tornou-se líder na produção de soda e cloro e entrou no negócio de PVC na América do Sul, uma importante mudança estratégica de posição. Uma das primeiras decisões após a aquisição foi um investimento de R$ 90 milhões na fábrica de Santo André (SP) para modernizar a produção de PVC, além de outros investimentos nas plantas de Cubatão (SP) e Bahia Blanca (Argentina). Com a aquisição, a companhia triplicou de tamanho abastecendo ambos os países onde opera, além de exportações a diversos países da América Latina, Europa, Ásia e África.

Recentemente, o país passou por uma alta na demanda pelo PVC, sendo que as produtoras tiveram que se esforçar para conseguir atender a todos os pedidos. Além da recuperação rápida do mercado, uma das grandes produtoras nacionais teve sua fabricação paralisada. Estes fatores acarretaram num aumento de preços e até na mudança temporária da alíquota de importação do PVC. Como tem sido para a companhia passar por este momento de alta demanda?

A Unipar não registrou desabastecimento dos clientes, em 2020, porque adotou uma estratégia para a formação de estoques durante a queda nos pedidos no segundo trimestre de 2020 que, aliada à utilização da capacidade de produção, garantiu o fornecimento, mesmo com a rápida e forte retomada da demanda à partir de junho de 2020, especialmente puxada pelo setor da construção civil.

Além disso, um dos pilares estratégicos da companhia – a excelência operacional – se mostrou bastante acertado no último ano. A utilização da capacidade de produção ficou acima da observada em 2019. As plantas de Santo André (SP) e Bahía Blanca (Argentina), produtoras de cloro, soda e PVC, registraram números consistentes, com resultados que refletem a alta confiabilidade das unidades industriais.

A nossa expectativa é que a excelência operacional da Unipar ajude a conquistar um crescimento sustentável, e plena capacidade de atender à demanda dos clientes.

Com o aumento da produção de cloro para suprir a alta demanda pelo PVC, o mercado de soda ficou com um volume excedente, uma vez que os produtos são gerados no mesmo processo de fabricação. Como o mercado brasileiro absorveu esses grandes estoques de soda?

A companhia conseguiu abastecer normalmente todos os clientes compradores de soda cáustica anidra e soda cáustica líquida. Considerando que a Unipar é a única fabricante com tecnologia para fabricação da soda anidra, atendemos a uma grande quantidade de clientes na região sul-americana e não tivemos dificuldades para escoar nossa produção.

Para a evolução do mercado de cloro-soda no Brasil, entendemos que há a necessidade de uma alta disponibilidade de energia. Como a Unipar enxerga os investimentos atuais no fornecimento de energia e de que forma isso poderia influenciar o desenvolvimento da companhia?

Um dos principais insumos para a produção de cloro e soda caustica, de fato, é a energia elétrica. Pensando justamente na competitividade frente a esses custos, que diminui a competitividade da indústria nacional perante os players internacionais, a Unipar anunciou em janeiro de 2020 a constituição de uma joint venture para a construção de um parque eólico no estado da Bahia, em parceria com a AES Brasil. O projeto prevê a instalação de uma planta de geração de energia limpa nos municípios de Tucano, Biritinga e Araci, que terá capacidade instalada de 155 Megawatts (MW).

Com o término de construção e implantação previsto para o 2º semestre de 2022, o empreendimento permitirá a cada um dos dois sócios no empreendimento comercializar metade da produção prevista para a planta — aproximadamente 78 MW —, dos quais 60 MW já estão contratados pela própria Unipar em um vínculo de longo prazo, previsto para durar inicialmente 35 anos. Os outros 18 MW aos quais a Unipar tem direito, por exigências regulatórias, deverão ser ofertados aos consumidores do Ambiente de Contratação Livre (ACL).

Assim, além da busca por soluções sustentáveis para o negócio, a empresa também garantirá o fornecimento de um terço (33%) de toda a necessidade energética das plantas industriais no Brasil, contribuindo para ampliar sua competitividade.

O investimento neste projeto deve bater a marca dos R$ 620 milhões e é o primeiro investimento da Unipar no segmento de energia renovável. A iniciativa assegura a vanguarda e o pioneirismo da companhia, que foi o primeiro consumidor do mercado livre de energia no Brasil, ainda na década de 2000.

O ano de 2020 foi um ano de muitas oscilações e incertezas no mercado devido às consequências da pandemia. Como foi o desempenho da Unipar neste período? Quais são as expectativas para 2021?

O ano de 2020 foi muito importante para a Unipar. Acabamos de divulgar ao mercado os resultados obtidos no último ano, com números fantásticos: R$ 370 milhões de lucro líquido, quase R$ 1 bilhão de EBITDA, representando uma margem sobre a receita de 25%. Já a receita líquida foi de R$ 3,8 bilhões, o que representa crescimento de 26,9%, comparado aos 12 meses de 2019. A empresa reportou lucro bruto de R$ 1,3 bilhão em 2020, alta de 63,4% em relação a 2019. Por fim, a utilização da capacidade instalada das operações de cloro/soda em seus 3 sites industriais de 78%, 5 pontos percentuais acima de 2019.

Esses resultados demonstram a força das operações da companhia, que tem alto grau de confiabilidade nas fábricas, fruto de investimentos em manutenção preventiva, capacitação do capital humano e cuidado com as pessoas, além de um altíssimo grau de governança, que permitiu à empresa cumprir seu cronograma de amortização de dívidas, encerrando o ano passado com R$ 1,1 bilhão em caixa e saldo negativo em sua dívida líquida.

A Unipar tem planos de investimentos futuros e expansão de atividades e unidades no território brasileiro, considerando um cenário mais positivo de pós-pandemia? Qual é a estratégia para o futuro?

A companhia entende que tem bastante espaço para crescer e aumentar a utilização da capacidade instalada nas três plantas industriais que mantém em Cubatão (SP), Santo André (SP) e Bahía Blanca (Argentina), que foram de 80% na divisão de químicos e 65% na divisão de PVC, durante todo o ano de 2020. Assim como observa as oportunidades de mercado que possam gerar valor à operação no futuro de curto, médio e longo prazos.

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